Diretor: Sebastião Lima
Diretora Adjunta: Carla Félix
Últimas Notícias

25 de Abril de 1974

O dia mais lindo que tive como cidadão português

Pela madrugada, bateram-me à porta do meu 7º andar do prédio da Rua Vila de Catió, nos Olivais Sul, onde eu vivia. Mal abri a porta, notei alguma excitação de pessoas junto ao elevador. Os vizinhos, muitos deles, para mim eram quase desconhecidos, e outros com quem falava pela primeira vez.

Todos referiram ter ouvido uns apelos no Rádio Clube Português, aconselhando à população que se mantivesse calma e atenta às notícias, e que não saísse de casa. Falava-se, vagamente, de um golpe de Estado. Durante o resto da noite, nada consegui dormir, ficando muito ansioso, com os ouvidos colados ao transístor, à espera de mais notícias.

Com o alvorecer, decidi deixar o pacato Bairro dos Olivais e dirigi-me ao Aeroporto da Portela de Sacavém, perto do qual existia (e existe) uma importante unidade militar. Mas nesse percurso nada de anormal encontrei, inverti a caminhada e, cheio de curiosidade, comecei a descer a partir da rotunda do Relógio, pela Avenida Gago Coutinho até chegar à Praça do Areeiro. Aqui, já se notava muita gente aglomerada, e à medida que avançava pela Alameda Afonso Henriques, Praça do Chile, e Avenida Almirante Reis, esta última a mais longa avenida de Lisboa, via-se o povo já determinado a participar, saindo à rua, num crescendo de entusiasmo cada vez maior, até que atingiu o seu apogeu na Praça do Rossio, o coração da cidade. E eu, perdido no meio da multidão, já estava sem saber, perto do Convento do Carmo, local onde se daria a rendição do Presidente do Governo, Prof. Marcelo Caetano e com ela chegava ao fim o chamado Estado Novo.

Pelas ruas circundantes, viam-se fluxos de curiosos, gentes em euforia, levantando punhos, com o V de vitória, acenavam aos militares, oferecendo-lhes cravos vermelhos, que logo eram alegremente espetados nos canos das espingardas. Ao mesmo tempo, a multidão ia gritando estridentes slogans como "Liberdade! Liberdade!", o "Povo Unido jamais será vencido!“ “Morte à PIDE!” e muitos outros.

Fazia um dia esplendoroso e escaldante. Nos olhos dos soldados e de muitos manifestantes bailavam ternos sorrisos de emoção, escorrendo, por vezes, incontidas lágrimas de alegria e cordial agradecimento aos heróis daquele dia 25 de Abril de 1974--os gloriosos Capitães de Abril.

Era o fim do Estado Novo e dos seus 48 anos de ditadura, discriminação, guerra colonial, e de falta de liberdade e de justiça, no inditoso País até aí amordaçado. Uma nova época começava e tudo iria mudar, a partir daquele dia 25 de Abril. Para mim ele e o 1º de Maio foram os dois dias mais felizes da minha vida de cidadão português, vivências únicas em que muito me orgulho de ter participado ao vivo, um privilégio que jamais esquecerei.

No regresso a casa, deliciava-me a ouvir as canções “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, canção vencedora do Festival da Canção e meia depois ”Grândola Vila Morena”, de José Afonso, as duas foram consideradas icónicas do 25 de Abril, mas é a segunda a que melhor representa o espírito de Abril.

Foi na rádio que se ouviram as senhas que, secretamente, deram o sinal para a saída das tropas dos quartéis na madrugada do dia 25 de abril de 1974. Por volta das 22.55 horas do dia 24, João Paulo Dinis, na antena dos Emissores Associados de Lisboa, pôs no ar “E depois do adeus", de Paulo Carvalho, a música vencedora do Festival da Canção deste ano. Meia hora depois, na Rádio Renascença, seria a “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, a confirmar o arranque da revolução.

A rádio foi um dos mais importantes meios de comunicação social durante o 25 de abril de 1974. Pelo país as notícias da revolução foram seguidas através deste meio, e foi também ali que os portugueses ouviram as primeiras vozes de liberdade.

Depois das ruas se encherem de cravos, as bocas começaram a entoar canções revolucionárias, compostas na clandestinidade  dos anos setenta: ”Trova do tempo que passa”, do poeta Manuel Alegre, interpretada por Adriano Correia de Oliveira; ”O Povo unido jamais será vencido que, em 1973, tornou-se um hino da resistência chilena contra Pinochet. Em 1974, a Banda chilena, que a interpretava em língua castelhana, estava exilada em França, tal como Luís Cília, tendo a referida banda colaborado na versão portuguesa da canção.

José Mário Branco, também exilado em França, compõe uma canção a partir do poema “Queixa das Almas Jovens censuradas”, de Natália Correia, com lápide na Rua de Jesus da nossa cidade da Praia da Vitória, sendo também de salientar a sua magistral composição, baseada no muito conhecido poema de Luís de Camões “Mudam-se os Tempos mudam-se as Vontades”.

António Neves Leal

Com o inicio do ano vem-nos o entusiasmo da renovação de tudo e logo o Carnaval da Terceira que esteve bastante participado tanto pelos eventos apresentados deslumbrantes com alegria recheados de indumentária rica, brilhante luxuosa, acompanhada de música já com muito profissionalismo de jovens formados em conservatórios com cursos superiores de muito bom nível, reconhecendo-se a óptima qualidade demostrada nos palcos desta terra dando-lhe valor e elevando o teatro popular enriquecendo com sucesso aproximando-o do teatro revista à portuguesa que veio de lá, afirma-se que com os primeiros povoadores, mas como tudo tem evoluído tanto em vozes categorizadas como na apreciada poesia oferecida pelos poetas cantadores populares que sempre desde outrora e ainda hoje tem dando um notável contributo nas Danças de Entrudo, danças de espada e de pandeiro, comédias e bailinhos, são parte da Cultura popular dos Açores e dos açoreanos, de salientar a muita participação de público à volta da ilha, enchendo salões satisfeitos, aplaudindo e oferecendo as iguarias dignas da época.

Um reconhecimento aos nossos emigrantes da América que pela quadra Carnavalesca de 2023 nos presentearam com duas danças uma de espada outra de pandeiro, desejosos de vir ás suas raízes matar saudades, causando a nós todos emoções pelas suas exibições com empenho, mostrando não esquecer os seus costumes culturais que levaram e que teimam em preservar, é de louvar.

Por ora estamos a viver outra festa a da exaltação ao Divino Espirito Santo, muito comemorada nestas terras dos Açores com imensa fé na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e são dois meses de orações, de esmolas, de promessas por graças obtidas com fé que ficam satisfeitas quando são pagas em louvor do Divino com fervor em acto sério veemente , de generosidade, do mesmo modo estas celebrações religiosas, como o culto do Espirito Santo acompanharam os povoadores no progresso dos franciscanos nos Açores, dentre os irmãos da irmandade são oito que se organizam e assim prestam culto com o seu trabalho voluntário denominados os mordomos, tem a seu cargo fazer tirar a sorte dos pelouros em sorteio dos oito domingos à porta do império aos imperadores do ano seguinte, são também quem promovem os bodos primeiro Pentecostes, segundo bodo da Trindade, tem a seu cargo os bens móveis e imóveis como o arranjo dos impérios e das despensas fazendo peditório na freguesia e distribuindo pão e vinho por vezes carne, nos dois domingos de bodo estão todo o dia abertos a servir todo o povo que se digna honrar esta festa tradicional.

Nestes dias, durante a tarde, todos se junta e até oferecem vários géneros de ofertas alguns animais que são ali arrematados em louvor do Divino, Os Imperadores que lhes cabe cada domingo promovem durante a semana, todos os dias, chamam os presentes a rezar o terço ao Senhor Espirito Santo e nos domingos de coroação dirigir o cortejo que sai da sua casa onde estão expostas as coroas em altar a preceito e demais insígnias em forma de procissão cantando em direção à igreja, aí a coroa é colocada na cabeça de uma pessoa Idónea, é o momento da coroação. Depois é servido o jantar função ás suas famílias, vizinhos e convidados, em franca confraternização, estes momentos emotivos vem á lembrança a nossa família e amigos que já partiram que nos deixaram saudades, mas que nos legaram estas festas de ritos cristãos e seculares.

Silveirinha

ZONA FRANCA

BRINDAR COM CAFÉ

No Dia do Pai, faleceu o comendador Rui Nabeiro. Quem for supersticioso e acredite em conjugação de astros dirá que está longe de ter sido uma mera coincidência a morte do pai da Delta, e de Campo Maior, no dia 19 de Março.

A Delta tem os seus produtos disponíveis em 35 países e ambiciona entrar no “top ten” das marcas de café mundiais. Várias vezes foi considerada a marca mais reputada em Portugal, num estudo que avalia a resposta de 43 mil consumidores perante mais de 800 marcas.

Poucas vezes terá feito tanto sentido o lema “o homem sonha, a obra nasce” quanto em 1961, no nascimento do Grupo Nabeiro. A obra cresceu e tomou tais dimensões que despertou a cobiça de grandes grupos mundiais, com a Nestlé à cabeça. A firme e determinante recusa em vender a Delta é uma evidente prova de que há quem acredite que os negócios vão muito para além do dinheiro.

A Câmara Municipal de Campo Maior decretou cinco dias de luto municipal pela morte do “pai” Rui Nabeiro. Segundo o seu Presidente, o concelho perdeu “uma referência, uma figura incontornável, um humanista”. A Câmara de Elvas decretou três dias de luto e Badajoz vai declará-lo como filho adoptivo da cidade.

São vários os exemplos em que o Governo da República decretou luto nacional pelo falecimento de ilustres figuras do mundo do espectáculo e do desporto. Quando o país perde além do seu mais ilustre empresário, um verdadeiro visionário, inspirador, acérrimo defensor do interior e exemplo máximo de preocupação social e participação cívica com a sua comunidade e país, os governantes ficam-se por meras palavras.

Infelizmente, esta atitude é o claro reflexo da forma como os empresários e as empresas são vistos pelos governantes, em particular, e pela classe política em geral. As empresas são tratadas como mera fonte de pagamento de impostos, sem que haja incentivo ao reinvestimento dos lucros, e como locais de visita obrigatória em períodos de campanha eleitoral.

Se ao nível dos Governos é este o panorama, seria de esperar que a nível autárquico o comportamento fosse diferente, à luz da postura de Campo Maior, Elvas ou Badajoz. Lamentavelmente, estes três casos representarão excepções a uma regra generalizada.

Quantas vezes são ouvidas as empresas sobre temas estruturantes para os seus concelhos? Quantos municípios se preocupam em perceber as dificuldades de quem garante a maioria dos empregos no concelho? Quantas decisões com impactos decisivos sobre o futuro das empresas e dos seus trabalhadores, são tomadas de ânimo leve?

Quanto mais fracos são os governantes mais certezas têm. A forma mais simples de esconder a fraqueza é rodear-se de elementos ainda mais fracos que não ousem ameaçar as lideranças. Enquanto isso, vamos reclamando da falta de qualidade dos nossos deputados e dos nossos governantes, sem verdadeiramente fazermos algo que altere este rumo.

Em 1962 e em 1972, Rui Nabeiro foi nomeado Presidente da Câmara de Campo Maior, tendo exercido a função por menos de um ano. Na primeira vez, demitiu-se por incompatibilidade com os restantes membros da Câmara e, na segunda, em choque com o Governador Civil de Portalegre.

Os empresários portugueses perderam, no Dia do Pai, o seu expoente máximo. O homem partiu, mas a obra ficou. A todos nós, compete procurar fazer mais e melhor a cada dia, com a certeza de que há poucos homens com uma boa cabeça e um bom coração. Devemos-lhe muito mais que uns dias de luto ou um minuto de silêncio.

Luis Vasco Cunha

Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

*ZONA FRANCA discorda ortograficamente

Acerca do Jornal da Praia

Este jornal é um quinzenário de informação geral que tem por objetivo a divulgação de factos, opiniões, debates, ideias, pessoas, tendências, sensibilidades, em todos os domínios que possam ser importantes para a construção de uma sociedade mais justa, livre, culta, inconformada e criativa na Região Autónoma dos Açores.

Este jornal empenha-se fortemente na unidade efetiva entre todas as ilhas dos Açores, independentemente da sua dimensão e número de residentes, podendo mesmo dar atenção primordial às ilhas de menores recursos, desde que tal postura não prejudique a implantação global do quinzenário no arquipélago dos Açores.

Área do assinante