O presente editorial foge a todas as temáticas por mim abordadas, com o intuito de reforçar a importância da linha de emergência médica -112.
Há cerca de 11 a 12 anos conheci a Melissa de Aveiro, uma jovem do programa Estagiar L, enfermeira, sempre disponível para colaborar quer no âmbito da sua formação, quer a nível do trabalho desenvolvido na creche onde eu lecionava. Hoje é uma Mulher Jovem, enfermeira, escritora com vários livros publicados e com vários outros talentos artísticos que vão desde a pintura, ilustração, o restauro de móveis, a costura, o canto, dando voz a uma banda musical “On The Road” que irá subir a palco nas Festas da Praia no dia 4 de agosto, compositora, perfecionista em pequenos detalhes e com um imenso talento criativo.
A Melissa há poucos dias celebrou os seus 10 anos de trabalho na linha de emergência médica -112 e ao ler a sua partilha na rede social do Facebook retive cada palavra pela importância deste serviço e pelo desconhecimento que muitas pessoas têm do seu funcionamento. Apelo a vossa leitora e aprofundamento de conhecimentos, nomeadamente com a visita do site da Proteção Civil dos Açores onde vão encontrar vários vídeos explicativos do funcionamento do número de emergência e da nossa intervenção enquanto membros de uma sociedade em casos que requerem ajuda ao próximo, quer seja familiar ou não.
Partilho o seu texto com a devida autorização, agradecendo a sua disponibilidade e o seu trabalho em prol de todos os/as Açorianos/as, bem como, de toda a equipa da linha 112.
“Este ano faz 10 anos que comecei a trabalhar na linha de emergência médica - 112.
Trabalhar atrás de um telefone parece ser algo fácil, somente para quem nunca o fez.
Encontrar as palavras para explicar o que fazemos, na linha, é difícil… é algo que só eu e os meus colegas que lá estão em turnos, mantendo o serviço a funcionar durante 24 horas, no fundo, compreendemos.
O nosso trabalho não consiste apenas em triar chamadas e gerir meios, vai muito mais além disso e, o que dificulta, realmente, é quem contacta 112 não entender a sorte que tem em ter um enfermeiro em linha para o orientar até à chegada da ajuda.
É compreensível, realmente, que quem contacta 112 está nervoso. Na verdade, ninguém contacta o 112 alegremente ou para dar boas notícias! Espera-se, realmente, que se contacte o 112 por situações graves e de emergência (se bem que a maioria das chamadas não o são - mas isso é outro assunto).
Não é do conhecimento comum que o enfermeiro da linha, por vezes, é o último a ouvir a pessoa com vida, a voz que orienta o pai que encontrou o filho engasgado, a voz que orienta a filha a fazer manobras de reanimação à mãe que foi encontrada sem respirar!
O ouvido que ouve o choro vigoroso de quem encontra um filho afogado ou de um irmão que se atirou de um penhasco ou está em overdose.
Trabalhar na linha 112 é fácil, sim! Para quem lá nunca trabalhou.
Gerir situações de emergência por um telefone, sem estar a ver o que se passa no local, e efetuar uma correta triagem e aconselhamento enquanto as pessoas estão histéricas e, muitas vezes, mal criadas por não entenderem a relevância da triagem, exige resiliência, conhecimentos e uma capacidade de concentração e comunicação soberba.
São chamadas e chamadas seguidas, para se atender e para se atuar, até à chegada dos meios ao local.
É a primeira linha da emergência.
Quando contactarem 112 lembrem-se disso… para além de serem enfermeiros capacitados, são seres humanos e, muitas das chamadas também nos afetam igualmente por, por vezes, nem sabermos o seu desfecho.
Existe todo um trabalho árduo e uma grande coordenação necessários para que o serviço telefónico 112 seja eficaz e seja disponibilizado sem interrupções, dando o seu melhor.
Graças ao 112, se alguma vez se encontrar numa situação de emergência, há um número fiável, seguro e fácil de recordar para o qual telefonar.
Antes de contactar 112, lembre-se disso: estamos aqui para ajudar. Colabore.”.
Carla Félix, Diretora Adjunta
