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Melissa de Aveiro é natural da Ilha Terceira – Açores. Licenciada em enfermagem desde 2011. Filha de pai militar, da Força Aérea, a sua infância foi passada na Ilha Terceira, na Base Aérea nº4. Dotada de vários talentos que vão desde a escrita, desenho, pintura, canto, entre outros que poderão descobrir nesta entrevista
Melissa de Aveiro, obrigada em primeiro lugar pela disponibilidade de partilhar com os/as nossas/as leitores/as a sua história de vida enquanto escritora e Mulher de talentos diversos.
Jornal da Praia (JP) - Quando surge o primeiro despertar para a escrita?
Melissa de Aveiro (MV) - O meu interesse pela leitura começou por volta dos nove anos de idade. A escrita – a minha grande paixão - surgiu posteriormente.
Ainda em tenra idade, escrevi o meu primeiro texto "O Gato Trompetista", que me proporcionou destaque entre a turma do terceiro ano, na particularidade imaginativa, do criar.
Elaborei a letra do Hino Escolar da Escola Vitorino Nemésio – A concurso. Escrevi poemas para a revista Caminho Fantástico. Escrevi alguns artigos para o Jornal Diário Insular, e tenho participado em coletâneas da Editora Chiado, Lugar da Palavra e Microliteratura. Uso muito a plataforma Tumblr para escrever os meus poemas… o que acontece várias vezes ao dia.
JP - Viver na Terceira foi importante para o papel criativo da sua escrita?
MV - Sim. A vida na Ilha é mais pacata e calma… mais propícia à melancolia, principalmente nos meses de inverno, em que o ambiente é carregado de chuva e nevoeiro e há poucos eventos e pouca vontade de sair de casa nos tempos livres. Talvez, também isso, propiciando o isolamento, tenha ajudado a focar-me no meu “eu” interior e em desenvolver a escrita de uma forma mais consistente.
JP - Onde encontra inspiração?
MV - As relações humanas. Os dramas da adolescência. As despedidas. Os amores não correspondidos.
JP - Que mensagem pretende passar com as tuas obras? Considera que já mudaram o rumo da vida de quem as lê?
MV - Sempre vi os livros como lugares mágicos, pequenos mundos que nos fazem fugir da realidade…
Escrevo, sobretudo, romances, que tenham um mistério envolvido, uma lição de vida e algo que deixe o leitor a refletir e que se identifique, de certa forma.
A problemática da adaptação a lugares novos e a novas amizades, um pouco de mistério, arte e cinema e até algumas curiosidades sobre música e arte, são temas que poderão encontrar nos meus livros.
Focando-me nos livros “A Casa do Lado” e, agora, recentemente, a sua continuação, “Um Novo Ano”, sem querer revelar demasiado, abordam questões muito sérias em qualquer idade, mas em particular na adolescência/início da vida adulta. Falam da morte, do luto e do retomar da vida… situações que, seja por um familiar ou um amigo próximo, por mais dolorosas que sejam, iremos experienciar, na vida.
JP - Recentemente publicou o livro “A Inês e o Mistério das Meias” para o público mais jovem. Como foi a receção deste público específico?
MV - Esta história, em especial, foi elaborada para a Inês, filha de Carla Maduro, uma das minhas melhores amigas. Decidi, posteriormente, torná-la pública, num livro ilustrado pela minha autoria.
A partilha do mesmo tem sido uma aventura! Fazer crianças felizes, com um pequeno livro, é tão fácil e algo que não me tinha apercebido. Sinto que, um livro que possa desenvolver a imaginação faz tanta falta, num mundo que se está a tornar demasiadamente tecnológico.
As crianças adoram mistérios! E este pequeno livro, cria sempre um burburinho até descobrirem o final da história.
JP - Sabemos que escreve poesia e que raramente partilha. Já ponderou compilar em livro o que tem guardado ao longo dos anos?
MV - Tenho muitos poemas escritos em cadernos. Recentemente descobri a plataforma Tumblr (mais recatada e com poucos seguidores) e tenho escrito lá os meus poemas.
Considero os poemas algo muito pessoal. Escrever poesia requer um grande sentimento e, até, sofrimento. É uma maneira de passar para o papel o que estou a sentir, de tentar traduzir os pensamentos em palavras bonitas. Normalmente os meus poemas sãos crus, tristes e dolorosos… e tenho receio que quem os leia, interprete da maneira errada… por isso “escondo-os” nessa plataforma digital pouco utilizada… ou nos cadernos perdidos nas gavetas. Por vezes recebo comentários de uma ou outra pessoa que tropeça nessa minha página do Tumblr mas é raro e eu não tenho qualquer problema com isso… tal como os livros, escrevo os poemas para mim… Partilhá-los é sempre um acréscimo.
JP - A par da escrita, que área artística que a mais complementa, onde tem mais margem para o poder criativo?
MV - Pinto telas. Adoro pintura com tinta acrílica. Bordo flores em tecidos de linho. Faço costura (roupas para bonecas), esculturas em massa clay. Pertenço a uma banda de Rock, como vocalista. Também faço ilustrações para outros livros e componho letras para músicas...
JP - É mais fácil subir ao palco, para cantar, ou escrever um livro? A arte é necessária?
MV - É mais fácil escrever um livro. Subir ao palco é uma grande emoção. Um misto de ansiedade e um medo de não se querer falhar. Também a expectativa se o público vai gostar ou se vai aparecer pouca gente... Exige um trabalho muito maior! - seja pelos ensaios prévios, escolha do outfit… teste som… como também fisicamente. Cantar, por vezes, duas horas e meia, exige bastante esforço e concentração.
JP - Como vê a cultura literária na ilha Terceira?
MV - É uma área com pouco crescimento. Lá de vez em quando aparece um novo autor. Primariamente, houve-se falar muito de autores mais “antigos”. Talvez os primeiros que apareceram aqui pela Ilha… Considero que a lista que se encontra online, sobre autores Açorianos, está muito desatualizada e, lá está, só aparece quem tem “um nome” familiar mais conhecido.
No geral, é uma área que, para se singrar, requer muita dedicação, marketing e apreço… Não é fácil fazer chegar uma obra a um alto patamar, sem muito trabalho do autor. Há quem tenha mais facilidade nisso, talvez pelos grupos sociais que frequenta, ou pela sorte da editora que encontrou…
JP - Que projetos tem para o futuro? Uma exposição de pintura é um dos seus objetivos?
MV - Tenho ainda livros na gaveta, à espera de serem melhorados e, possivelmente publicados. Compus a letra de duas músicas e gostava de as lançar em breve…
Também tenho uma coleção de telas pintadas que, confesso, mesmo com muita falta de espaço, continuam a crescer em número. Gostava muito de organizar uma exposição de pintura associada a prova de queijos e de vinho! Mas, claro, sem ajuda ou dificuldade em obter orientações, são eventos que dão bastante trabalho organizar… mas, lá está, nada se consegue nesta vida, sem trabalho… por vezes o mais complicado é a falta de tempo.
Entrevista: Carla Félix/JP
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No próximo fim de semana, de 6 a 8 de Setembro de 2024, acontece na ilha Terceira o primeiro Encontro Nacional do Jogo do Pau numa organização da Casa do Povo das Quatro Ribeiras através da sua Escola de Jogo do Pau.
Jornal da Praia falou com Rui Castro, Presidente da Casa do Povo das Quatro Ribeiras e com José Valentim Aguiar, “Valente”, mentor e mestre da Escola do Jogo do Pau da Casa do Povo das Quatro Ribeiras, sobre o porquê deste encontro realizar-se na ilha Terceira, logística, programa e o que representa e irá trazer à nossa ilha.
Sobre o porquê desta iniciativa um “Encontro Nacional do Jogo do Pau” a realizar na ilha Terceira, mestre “Valente” referiu que:
“A realização de um encontro nacional do Jogo do Pau na ilha Terceira é uma ideia de algum anos… surgiu das participações da nossa escola em encontros nacionais ao longo dos anos, como na Moita ou no Algarve.”.
“Este ano, reunidas todas as condições, com a Casa do Povo presidida pelo Rui Castro a apoiar a nossa ideia e com os apoios de várias instituições é agora possível a realização deste encontro. Refiro também se não fossem os apoios do Governo Regional e da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e da Câmara Municipal da Praia da Vitória, tal não era possível.”.
Sobre a iniciativa da Casa do Povo em realizar este ano nos Açores, mais precisamente, na ilha Terceir,a um encontro nacional do Jogo do Pau e a recetividade por parte das outras escolas, grupos e associação que praticam esta modalidade, Rui Castro salientou que:
“A recetividade foi muito boa! Até porque este encontro surge também de propostas e pedidos de vários grupos e escolas de Portugal continental onde o Valente participou com a nossa escola em vários encontros e tinham muito gosto em vir aos Açores.
Então, para concretizar esta a ideia de um encontro nacional, a Direção da Casa do Povo e a Escola decidimos então apresentar um pedido ao Governo Regional que apoiou financeiramente a nossa iniciativa e que não fosse esse apoio, não conseguiríamos levar a cabo este encontro. Também, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e a Câmara Municipal da Praia da Vitória e a Junta de Freguesia das Quatro Ribeiras, deram apoios para a nossa iniciativa.
Vamos ter 12 grupos participantes. 11 de Portugal continental, 1 dos Açores, a nossa escola, a única existente nos Açores e um praticante de Angra do Heroísmo, o Bernardo que ainda pratica com um elemento ou dois o jogo do pau e que está envolvido neste encontro connosco… no total são 122 praticantes.”.
Em termos de logística e espetativas para este encontro:
“Este encontro acontece em Setembro por vários motivos. Estamos a entrar na época baixa e foi mais fácil encontrar disponibilidade de alojamentos e passagens aéreas mais facilitadas e acessíveis. Estamos esperançados que será um bom encontro.
Este encontro também será uma oportunidade de dar a conhecer ao público em geral vários estilos e técnicas que as escolas irão demonstrar. Por exemplo o nosso jogo é mais técnico porque conseguimos trabalhar com o bordão com uma ponta ou ambas as pontas e as outras escolas continentais jogam só com uma ponta, ou seja, com a ponta mais delgada do bordão. Mas também, tem outras escolas como a de Portimão que pratica o Jogo da Bengala, outro tipo de jogo muito interessante… mas acho que o nosso jogo é mais trabalhado, mais técnico. O público vai ter a oportunidade de ver várias técnicas… daí o encontro nacional.”, refere Valente.
Ainda no que diz respeito à logística, Rui Castro quis salientar:
“Temos as refeições, as dormidas, os transferes entre o aeroporto e alojamentos no dia 6 e no dia 9 entre os alojamentos e o aeroporto, as deslocações entre as várias demonstrações programadas, que requer uma grande logística.
A Casa do Povo irá assegurar as dormidas e refeições aos participantes.”.
Quanto ao programa do “Encontro Nacional do Jogo do Pau”, refere Rui Castro:
“O programa foi elaborado para abranger os dois concelhos. Temos a sessão de abertura no dia 6, pelas 19h30, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, destacando-se a intervenção do Dr. Maduro-Dias que falará sobre o Jogo do Pau e a apresentação de um selo de correios, de um carimbo e de um postal alusivos ao encontro que foram oferecidos pelos CTT Correios de Portugal. Terminada esta apresentação segue-se uma demonstração das escolas participantes na Praça Velha e um momento musical no Largo Prior do Crato.
No dia 7, seguimos para o concelho da Praia da Vitória onde faremos pelas 11h00 uma demonstração do Jogo do Pau na Praça Francisco Ornelas.
Neste dia, teremos um almoço na Zona de Lazer as Quatro Ribeiras e pelas 15h00, uma reunião na Casa do Povo das Quatro Ribeiras onde vamos abordar vários assuntos relacionados com o Jogo do Pau, entre os quais as dificuldades, atividades desenvolvidas pelos vários grupos e que futuro que cada um traça para o Jogo do Pau português inclusive o jogo praticado na ilha Terceira.
Vamos ter também uma demonstração no largo da igreja das Quatro Ribeiras e depois temos agendada uma vacada na Praça da Alegria, freguesia dos Biscoitos. O dia 7 termina com um jantar em Angra e um momento musical na Praça Velha.
Para o dia 8, último dia, temos programado uma visita guiada ao centro histórico de Angra do Heroísmo, seguindo-se de almoço e pelas 15h00 teremos então uma grande demonstração na Praça Velha com todos os grupos participantes.
O encontro encerra pelas 19h00 com um jantar e entrega de brindes às coletividades participantes.
Temos mais duas demonstrações que ainda não estão agendadas. Uma na Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo e outra no Lar Dom Pedro V, porque atendendo às pessoas que lá estão será uma oportunidade de relembrar… e muitos até foram praticantes do Jogo do Pau.”.
O que irá trazer este encontro para as Quatro Ribeiras e para a ilha Terceira?
Rui Castro salienta que este encontro “trás uma iniciativa que acontece pela primeira vez nos Açores que é a realização de um encontro nacional do Jogo do Pau nos Açores, organizado pela Casa do Povo das Quatro Ribeiras e sua Escola do Jogo do Pau e pelo programa do encontro que abrange a freguesia no dia 7, com o almoço, uma reunião na Casa do Povo e uma demonstração no largo da igreja com a participação de todos os grupos que irão conhecer a freguesia.
Será também uma oportunidade de divulgação turística e cultural dos dois concelhos.”.
Para o mestre Valente:
“Este encontro vai trazer e proporcionar a divulgação do Jogo do Pau e o apelo que faço é que apareçam mais alunos e vamos tentar manter esta escola em funcionamento, o que não é muito fácil dadas ofertas que os jovens atualemente têm ao dispor. Gostaria, também que o futuro passasse pelo aparecimento de mais escolas, sei que não é fácil, mas este encontro certamente será uma oportunidade de ficarem a conhecer esta modalidade.”.
No que diz respeito ao futuro da Escola do Jogo do Pau das Quatro Ribeiras, Rui Castro, afirma que a atual direção da Casa do Povo está empenhada em manter a sua escola:
“Enquanto estivermos em funções, esta direção apoiará a sua escola e o Jogo do Pau, porque envolve a boa vontade de muitas pessoas inclusive do Valente que é “ao fim ou cabo” o grande impulsionador desta escola, o grande impulsionador deste encontro nacional ao realizar-se aqui na ilha Terceira… e é um dos elementos da escola, há semelhança de todos, que perde tempo da sua vida para manter esta prática antiga, que nos Açores, atualmente, só se pratica aqui nas Quatro Ribeiras.”.
Pode seguir a iniciativa em Jogo do Pau das Quatro Ribeiras
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Na reportagem de hoje, trazemos um grupo de animação da nossa ilha Terceira “Os D’Improviso”, que interpretam nos arraiais das touradas à corda, em jantares típicos, modas terceirenses e de improviso.
É um grupo recente… apareceu este ano, mas está a conquistar o povo por onde passa. Teve a sua primeira atuação no dia 1 de Maio de 2024, na tourada à corda na freguesia das Fontinhas.
Jornal da Praia falou com um dos elementos do grupo, Samuel Martins, que explicou como apareceu e foi criado o grupo composto por 12 elementos:
“No dia 1 de Maio de 2024, na tourada das Fontinhas, entre este grupo de amigos, surgiu a ideia de percorrer algumas casas do arraial para “animar” a tourada! Assim, foi, nesse dia e no dia 11 de Maio, na tourada também nas Fontinhas, mas noutro lugar!
Com algumas modas que já existiam, sendo uma delas a moda “Sempre Cantando” dos “Só Forró”! Depois desses 2 dias, vimos o carinho, apoio e alegria que o povo estava a ter para connosco e pensamos na criação de um grupo! Porque não criar um grupo para animar os nossos arraiais e as nossas touradas, com cantigas ao improviso e com outras modas animadas? Assim foi, e criamos “Os D’Improviso”! Com uma moda de cantigas ao improviso nova, criada pelo Flávio Rocha para o qual vai o nosso agradecimento público!”.
Quanto à composição do grupo:
“Um grupo composto por 12 elementos de diferentes gerações! João Silveira, Vitor Pereira, Fábio Borba, David Borba, Paulo Fagundes, Rodrigo Silveira, Cláudio Inácio, Mário Jorge, Carmo Godinho, Francisco Toledo na melodia e Roberto Toledo e Samuel Martins, que cantam ao improviso, vão cantando algumas músicas e fazem também as cantigas ao improviso para animar o povo e honrar a nossa Terceira e a sua cultura!”, refere Samuel Martins.
Por onde passam, o grupo tem recibo calorosos aplausos e uma excelente recetividade por parte do público que está a aderir a este grupo:
“Em relação ao público não há palavras para descrever o carinho e apoio que o “povo” nos tem vindo a dar! Sente-se que o “povo” já tinha saudades e tinha falta de um grupo a animar assim as nossas touradas, arraias, entre outros eventos! Com aquilo que é muito nosso, as cantigas de improviso! Algumas a sério e com sentimento, outras falando de pessoa em pessoa e também outras na brincadeira! Só podemos agradecer por tudo o que têm feito e pelo apoio mostrado ao grupo! Obrigado!
Este ano, já atuamos em vários lugares e ainda temos muitas confirmações para o que resta do ano!”.
O que diz respeito ao futuro do grupo, Samuel Martins é perentório ao afirmar:
“Em relação ao futuro, o grupo é para continuar! Estamos neste primeiro ano de “experiência” e a verdade é que está a correr melhor do que estávamos à espera! Quem sabe, criar músicas novas, ideias diferentes! Vamos organizar ideias, falar dentro do grupo, definir objetivos e fazer de tudo para continuar a animar a nossa Ilha Terceira!”.
Samuel Martins quis deixar uma mensagem de apreço a todos:
“Obrigado a todos pelo carinho e apoio para com o nosso grupo e vamos continuar a tentar animar para onde formos convidados! Um abraço e muita saúde para todos os residentes na Ilha Terceira e para todos os emigrantes, em nome dos “D’Improviso”!”.
Desde Maio que o grupo já atuou nas Fontinhas, Vila de São Sebastião, Vila Nova, Casa da Ribeira, Serra da Ribeirinha, Quatro Ribeiras, Vila das Lajes ou Biscoitos, entre outros lugares.
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Jornal da Praia (JP) – O restaurante “O Pescador” é já um ponto de passagem na cidade da Praia da Vitória. Quando é que foi criado?
José Costa (JC) – Este ano, o restaurante faz 35 anos. Abriu em 1989.
Foi um negócio criado de raiz por um casal de Sesimbra, o senhor António e a senhora Gabriela Ruivo que numa viagem aqui às Festas da Praia, andavam a vender sapateias e outros mariscos, acabaram por gostar da Praia da Vitória, ficaram, acabando por então criar este restaurante.
Nos primeiros tempos de funcionamento, abriram uma parte do restaurante apostando numa área da restauração mais marisqueira e depois abriram a outra mais variada. Foram proprietários deste restaurante cerca de 10 anos, até 1999, altura em eu comprei o restaurante.
Quando adquiri, tive a preocupação de não alterar nem inovar dado que “O Pescador” já era considerado uma referência na restauração dos Açores. Isto, porque, os primeiros donos desenvolver um conceito de restauração já inovador para a época, mesmo a nível Açores. Introduziram pratos e maneira de servir inovadoras fez com que o restaurante “O Pescador” fosse conhecido em toda a região, chegando a vir até pessoas de São Miguel cá à Praia da Vitória para comer no restaurante.
Os primeiros proprietários apostaram no marisco e no peixe porque o senhor António possuía também uma traineira que abastecia assim o restaurante. Apostavam no peixe na grelha e possuíam aquários com marisco vivo.
JP – Na página do Tripadvisor pode ler-se vários comentários sobre o restaurante. O comentário “Espaço excelente e muito bem decorado! Atendimento e ambiente excelentes. Funcionários muito simpáticos e colaborantes! Almoçamos o atum e a cataplana de peixe/marisco e posso dizer que estava muito boa! Dos bons restaurantes que os Açores têm!”, é um dos exemplos. A que se deve este sucesso?
JC – O sucesso deve-se principalmente porque “O Pescador” manteve sempre consistência no serviço, nos pratos e na qualidade oferecida. Isto é imprescindível neste tipo de negócio. Mas, esse sucesso deve-se também à equipa que aqui trabalha. Nestes 35 anos, já passaram bastantes pessoas, gerações que aqui já trabalharam, dando sempre o seu melhor, dependendo sempre de quem dirige a sala e de quem está na cozinha, o que não é sempre fácil, eu tento manter sempre a equipa motivada e que tenham orgulho de trabalhar num restaurante que é uma referência na nossa terra.
JP – …pode considerar-se o restaurante “O Pescador” uma referência na restauração nos Açores?
JC – Quando é criado o restaurante “O Pescador” havia pouco por escolher. Atualmente existe uma grande oferta com muita qualidade, mas “O Pescador” conseguiu manter o nível de qualidade e hoje em dia as pessoas que estiveram há 15 anos aqui no restaurante voltam e continuam a gostar. Passou e passam pessoas de várias áreas da sociedade, políticos, artistas, os nossos emigrantes, além do cliente mais importante que nós temos, o cliente local. É uma casa de referência e já com 35 anos temos, poucos com esta idade, mesmo a nível de ilha.
JP – O peixe no restaurante é sem dúvida o rei. Quais as especialidades do restaurante. E qual o prato que as pessoas mais pedem?
JC – Temos uma grande variedade de pratos. O nosso forte é o peixe. O peixe grelhado e os pratos que a que eu chamo de os pratos clássicos da casa que durante estes 35 anos são confecionados da mesma forma, com as cataplanas, a açorda de marisco, o arroz de marisco, as lulas à quilo (ver). São pratos que foram introduzidos na abertura do restaurante e que ainda hoje se mantêm, precisamente iguais. Já passaram por aqui vários chefes que queriam mudar o molho ou a apresentação, mas é uma coisa que não se pode alterar… é o cliente que manda e assim quer e isso também é uma referência do restaurante… é uma receita para que o cliente repita e volte ao restaurante!
O que mais pedem as pessoas é peixe grelhado, as cataplanas também… embora, também, vendemos muitos pratos de carne com destaque para os nossos bifes com diferentes molhos. Utilizamos sempre a carne melhor como a carne da vazia e o fillet tem muita procura. Mas o peixe grelhado e as cataplanas tem mais saída, destacando-se o atum, o espadarte e o boca negra.
Procuramos sempre o peixe mais fresco. Eu próprio vou à lota ou ao fornecedor local conseguindo assim o peixe mais fresco.
JP – Uma outra questão é a associação do conhecido humorista e apresentador do Preço Certo, Fernando Mendes ao restaurante. Como é que surge esta parceria?
JC – O Fernando Mendes é um amigo que tenho há mais 30 anos e é uma pessoa que tem muito carinho pelo “O Pescador” e que fala e dá a cara por esta casa… a amizade que nós temos “não tem preço” e agradecemos esta associação ao restaurante. É uma figura conhecida no nosso país e nos estrangeiros e agradecemos e a amizade que ele tem por esta casa. Só lhe tenho a agradecer!
JP – O José Costa é, sem dúvida, um empresário que trouxe muito desenvolvimento para a Praia da Vitória. Quais os projetos que tem para o futuro?
JC – Bem, já fiz muita coisa. Já tive várias empresas, anos que correram melhor outros que correram pior. Dentro das minhas possibilidades, fiz o que pude pela Praia.
Agora, o futuro é que me interessa. O presente e o futuro passam por estabilizar esta casa, que tenho muito gosto em mantê-la com a mesma qualidade e o mesmo serviço e procurar uma pessoa que me suceda porque já estou a chegar a uma idade que quero descansar… neste momento, estou como as pessoas que venderam-me este restaurante que durante dois anos procuraram uma pessoa a quem pudessem deixar e sabiam que manteria a essência do “O Pescador” e que não ficasse nas mãos de uma qualquer pessoa. Acho que a história e o nome do restaurante “O Pescador” não se constrói facilmente, porque são 35 anos de trabalho duro fruto das pessoas que por aqui passaram… essa procura será junto de um familiar, de uma pessoa que tenha gosto pela restauração.
É uma área muito difícil, que requer muito trabalho e cada vez mais escasseiam os recursos humanos que tem de ser acarinhados e valorizados e, só quem trabalha nesta área, entende. Quem me suceder tem de ser alguém que goste de restauração e que mantenha “O Pescador”.
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Jornal da Praia (JP) – A edição das Festas da Praia deste ano volta ao formato inicial coordenadas por uma única pessoa. O que levou o Michel a aceitar a coordenação das Festas da Praia 2024? Como empresário sediado na cidade da Praia da Vitória é também uma mais-valia?
Michel Menezes (MM) – A Presidente da Câmara Municipal, Vânia Ferreira e a Vereadora da Cultura Paula Sousa abordaram-me no sentido de aceitar este desafio de coordenar as Festas das Praia, tive de pensar e como já estou na Praia há 44 anos, como trabalhador e depois como empresário estabelecido, faço a minha vida aqui e tinha assim de dar o meu contributo à cidade. Foi uma opção que tive de tomar entre a minha vida profissional e pessoal… como gosto de desafios, aceitei assim este desafio.
Sim, há 44 anos aqui na Praia é uma mais-valia por ao longo dos anos conhecemos muitas pessoas. Passei as fases que esta cidade já passou, ajudei a resolver problemas e adquiri muitos conhecimentos que me ajudam neste desafio.
JP – Todos os anos, a festa tem um tema. O deste ano é “Da fuga da Família Real à Vitória da Praia”. O porquê deste tema e como vai ser adaptado às Festas?
MM – Quando aceitei o convite para coordenar, convidei várias pessoas para prepararem os cortejos, a marcha… e a escolher o tema para as festas, escolhemos este, um tema mais histórico relacionado com um período da história em que a ilha Terceira e a Praia tiveram um papel importante na história de Portugal. Este ano comemora-se 195 anos da Batalha da Praia de 11 de Agosto de 1829. É um tema complexo de se recrear, mas acho que as pessoas vão perceber o sentido do tema.
Vamos tentar recriar o que se passou nesta data logo no cortejo de abertura que se realiza sábado, dia 3 de Agosto, composto por 4 carros alegóricos. O tema está sobretudo adaptado ao cortejo de abertura que marca sempre as Festas da Praia e à Marcha. São uma das nossas apostas.
JP – Estamos a menos de um mês do início das Festas. Como estão a decorrer os preparativos?
MM – Já está tudo pronto para as Festas. O programa está fechado.
JP – Ao longo dos anos, as Festas apresentam programas diversificados. Cortejos, concertos, feiras, todos os anos levam muitas pessoas à Praia da Vitória. Para este ano o que está a ser preparado? O formato e as localizações manter-se-ão ou haverá alterações?
MM – Este ano procedemos a algumas alterações. O dia das marchas vai ser no dia 9 de Agosto, o cortejo das crianças será no sábado, dia 10 de Agosto. Para domingo, dia 11 de Agosto, este ano teremos fogo de artificio a encerrar as festas.
Este ano o Palco Marina volta, o ano passado não houve, mas este ano regressa, mantendo-se o Palco da Zona Verde e o Palco Tradições na Praça Francisco Ornelas. Gostaria de frisar que fizemos uma aposta muito forte para o Palco Marina que irá receber 9 concertos com o destaque para o dia 6 de Agosto com a realização de um “Sunset”, acho que nunca se fez numas Festas da Praia onde atuarão os Insert Coin, grupo que costuma estar na SIC e neste dia virão também os Remember 80’s & 90’s. Também para o Palco Marina teremos Maninho Bossa & Samba no dia 4 de Agosto.
Este ano fizemos uma grande aposta na animação de rua para todos os dias. Teremos animação dos chilenos Tiki taka.
Para a Zona Verde destaco a Expert Fun Zone, um espaço dedicado às crianças com insufláveis e um conjunto de atividades que ficará lateral junto às tascas e ao Palco Zona Verde. Neste espaço, no dia 4 de Agosto, teremos uma noite de cinema para as crianças e uma noite Disco também para as crianças. Será um espaço seguro para as crianças.
Este ano teremos algumas alterações com a introdução da Expert Fun Zone e da reintrodução do Palco da Marina. Fizemos um esforço para manter os dois palcos o da Zona Verde e da Marina. O Palco Tradições na Praça Francisco Ornelas é destinado a outro público.
Outra alteração foi o desfile dos grupos de folclore que este ano não desce a Rua de Jesus. Optamos sim por uma noite de folclore que se realizará na Praça Francisco Ornelas com um desfile de quadros de folclore a explicar os trajes e o que se fazia naquela época, apresentado por Leandro Ávila, membro do grupo de folclore das Fontinhas, seguindo-se as atuações dos grupos no Palco Tradições. Esta mudança foi muito bem acolhida pelos grupos.
Ainda no que diz respeito aos desfiles, termos os carros clássicos e uma novidade que já aconteceu em Angra, um desfile de motos clássicas vestidos a rigor. Vai haver também um desfile de escuteiros.
Os concertos na Dreamzone estão afetos ao promotor que gere o espaço e temos um cartaz muito bom para este ano. Temos também as tradicionais corridas de toiro à corda e a Corrida de Praça no dia 5 de Agosto.
Gostaria também de salientar a Receção ao Emigrante que este ano designamos por Receção à Diáspora que se realizará no dia 2 de Agosto na Praça Francisco Ornelas das Câmara, receção que será abrilhantada pelo duo Maria Areia e Pai Zé.
JP – Os cortejos e em especial o cortejo de abertura e o das crianças são destaque no programa. Quais as expetativas para este ano?
MM – O cortejo de abertura é composto por 4 carros alegóricos e integra entre 70 a 80 pessoas. Posso dizer que vai ser um cortejo um pouco diferente em que os carros vão ter “vida”, não ver ser estáticos, vão ter teatro, encenação com música e movimento. Este cortejo foi projetado e será orientado por Vasco Lima. Acho que vai ser um cortejo interessante.
Em relação à marcha oficial, obviamente, teve de se enquadrar no tema das Festas, terá, como habitualmente, 32 pares, o vestuário é inspirado naquela época. Os arranjos musicais são de Evandro Meneses e a letra do José Esteves e a marcha a cargo de João Azevedo e o guarda-roupa a cargo do Vasco e da Marta.
Quanto ao cortejo das crianças, são três carros, sendo um dos carros repartidos por dois cenários. Também este cortejo vai ter uma envolvência muito grande e é sempre uma expetativa e uma grande surpresa. O cortejo das crianças realiza-se no sábado, dia 10 de Agosto.
JP – Qual a mensagem que quer deixar?
MM – A mensagem que posso deixar… em primeiro agradecer a minha equipa, a todos os elementos que tem colaborado, a todos da Câmara Municipal.
O terceirense recebe muito bem, estamos de braços abertos para receber toda gente que nos visita e o mês de Agosto é um mês de excelência para férias e como habitualmente, a Praia vai encher de pessoas nestes dias de Festa. Penso que vão ser umas excelentes Festas!
Entrevista: Rui Marques
Foto: João Costa/JP
