Diretor: Sebastião Lima
Diretora Adjunta: Carla Félix
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Tornou-se um ciclo vicioso, que aquando das eleições para a Assembleia da Republica, os partidos políticos em plena campanha eleitoral, nomeadamente os partidos do arco da governação, arrogam-se genuínos defensores das Autonomias dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, com visões e promessas desmedidas na importância de legislação sobre esta matéria, como motor essencial para atingir a sustentabilidade e evolução progressiva dos princípios autonómicos, ou seja a livre administração das Regiões Autónomas pelos açorianos e pelos madeirenses, reforçando a necessidade de adopção de políticas públicas e administrativas capazes de satisfazerem as necessidades e o bem-estar dos povos insulares.

A história repete-se, as promessas mantêm-se e na realidade nada de significativo transparece, aquando da funcionalidade dos novos órgãos do Governo da Républica, centralistas e que relativamente às Regiões Autónomas não fazem o que deviam, e por isso continuam devendo o que não fazem, pelas inúmeras ambições colonialistas que atentam contra as Autonomias Políticas e Administrativas dos Açores e da Madeira, consagrados na Constituição da Republica, no seu artigo 225º: O regime político-administrativo próprio dos arquipélagos dos Açores e da Madeira fundamentam-se nas suas características geográficas, económicas, sociais e culturais e nas históricas aspirações autonomistas das populações insulares...

O cargo absurdo do Ministro da Républica, que não passa de um mero bastião do colonialismo do Estado Português, teima em persistir para mal dos povos insulares, que com os seus órgãos democraticamente eleitos, e que são essencialmente a voz daqueles povos, não precisam de intermediários, tal figura antidemocrática continua a permanecer apesar das promessas partidárias em extingui-lo. Muitas mais promessas continuam por concretizar, por exemplo, relativamente à Região Autónoma dos Açores, o Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, continua por construir, a Universidade dos Açores, o Terreiro do Paço continua a não cumprir com os acordos e fecha as torneiras do financiamento, o Plano de Recuperação e Resiliência – PPR – não a contempla, a Lei do Mar, a Lei do Espaço, os cabos submarinos, a trágica degradação do Património do Estado nos Açores, e bem perto de nós temos o exemplo, o Palácio da Justiça da Praia da Vitória inaugurado com pompa e circunstancia pelo então Ministro da Justiça Laborinho Lúcio, há dezenas de anos que não se procede à pintura exterior, o reboco ameaça cair aos pedaços, as águas pluviais continuam a infiltrar-se no telhado, enfim, é um verdadeiro lamaçal no coração da cidade da Praia da Vitória, uma vergonha para quem nos visita, e para os seus habitantes.

A contaminação dos solos e aquíferos da Praia da Vitória pela Base das Lajes, não passa de uma miragem em que o Estado Português continua a atirar para as Calendas Gregas uma resolução viável deste emblemático litígio poluidor, uma verdadeira ameaça à saúde publica dos praienses.

Não se pode ludibriar a escassez de agentes da segurança pública, a “exploração colonial do espaço geoestratégico dos Açores”, os atrasos nas consultas médicas, e nas intervenções cirúrgicas, um rol de questões que quase não tem fim.

Todavia, os problemas por resolver e que os partidos do arco da governação com as tradicionais mentiras necessárias, continuam a prometer e iludindo a crença democrática das populações e dos seus direitos, leva a que o povo se desinteresse pela política e pelos políticos, o que resulta num aumento significativo da abstenção, pois muito do público sente-se enganado.

Precisamos que os deputados eleitos pelas Regiões Autónomas, pugnem pela defesa das suas terras em primeiro lugar, mesmo que ponham em causa a disciplina partidária, para que o povo que os elegeu sinta que a democracia e autonomia funcionem no presente e muito mais no futuro.

Estão fixos nos partidos os olhos do povo, e balanceados os prós e os contras da atividade eleitoral, penso pois, que podemos acreditar no sentido de afirmar que ainda não se descobriu até agora melhor regime que sirva os interesses do nosso povo, do que a Autonomia Politica Administrativa e Democrática, encaminhada para dar soluções politicas, económicas e culturais, princípios fundamentais consagrados na Constituição da Republica, e só dentro dela tudo será possível na consolidação do regime autonómico e progressivo de importância fundamental para o povo das Ilhas.

Sebastião Lima, Diretor

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