Ao invés do que pretendem os judeus, foram os britânicos através da Declaração de Balfour, em 1917, que ofereceram de bandeja as fundações para a criação do Estado de Israel, e não como nos é relatado por uma história fabricada pelos Israelitas, de que lutaram e venceram a guerra da independência contra o Império Britânico, criando um mito judaico que colocou Israel na “lista das nações que superaram o imperialismo e asseguraram a sua independência dos colonizadores”.
A Palestina foi aniquilada em 1948 de forma devastadora e continua a ser chorada pelos palestinianos e árabes, por terem sido subjugados por uma “pequena comunidade judaica da Palestina”, que conseguiu com a ajuda dos britânicos uma vitória ao expulsar a maioria palestiniana dos seus campos, das suas aldeias, das suas vilas, e das suas casas, ocupando-as por judeus residentes e exilados, que pregavam e continuam pregando que naquelas paragens existia uma terra de ninguém, uma terra sem gente, e ainda “que possa soar ridículo era um facto aceite na época e que ainda hoje continua a ser disseminado e, estranhamente aceite pela maioria da população mundial”, infelizmente, esta maléfica atitude está no cerno das desavenças entre árabes e judeus, que continuam “a ferro e fogo” de forma cíclica desde a criação do Estado de Israel, recentemente agravando-se de forma devastadora e cruel a partir de 7 de Outubro de 2023, quando Hamas e outros grupos armados palestinianos, a partir da Faixa de Gaza, entraram em Israel, por ar, terra e mar, com rajadas de rockets e mísseis, lançando o terror sobre várias localidades, vários Kibutz, durante um evento musical, o festival “Música Nova”, provocando atrozmente a morte de 1200 pessoas, ferindo cinco mil, e raptando 252 reféns, sendo certo, que ainda uma centena de reféns permanece escondida em Gaza, nas mãos de Hamas, mas ninguém previu a tragédia que se seguiu.
Israel respondeu militarmente, e tem direito a defender-se, mas tem também de o fazer de forma proporcional, de acordo com o Direito Internacional e as resoluções da ONU, o que não tem sucedido, porque Israel tem levado a cabo uma guerra de extermínio contra os seus inimigos, Hamas em Gaza, Hezbollah no Líbano, Houthis no Iêmen, Xiitas no Iraque, e tudo indica que será também com os Ayatollahs do Irão.
Netanyahu, quando se dirigiu ao povo persa, defendeu que é preciso “libertá-los de uma minoria de fanáticos religiosos”, posição acertada, mas o governante Israelita não pode esquecer “o fascismo religioso e machismo repulsivo que é o dos judeus ortodoxos. A diferença para os Ayatollahs do Irão, é que estes estão no poder pela força, e aqueles por mandato popular.”
Esta guerra regional do Médio Oriente conjugada com a guerra da Ucrânia, segundo vários analistas, tornou-se num verdadeiro rastilho capaz de deflagrar na terceira guerra mundial.
O mundo, a ONU e as grandes potências, têm de lutar é pela paz, acautelando minimamente os interesses das partes envolvidas, pois esta situação é muito mais profunda e complexa do que parece, e só será possível chegar-se a um bom porto com criação de dois Estados – Palestina e Israel – independentes e soberanos, reconhecidos internacionalmente, destruindo-se muros e barreiras intransponíveis ente palestinos e judeus, como preconizado acerca 16 anos pelo governo israelita, que cercou a Faixa de Gaza e “proibiu os palestinos de explorar a grande área de gás natural da Costa de Gaza que foi descoberta em 2000 pela British Gas”, e existem estimativas na ordem de muitos milhões de dólares americanos em reservas de gás que podiam e deviam ser colocados em prol do povo palestiniano e da sua economia.
O reconhecimento total do Estado Palestiniano, só será possível com a força “total da pressão internacional”, é um desígnio imperativo que suceda rapidamente.
Não podemos terminar sem lembrar os versos do poeta palestiniano, Refaat Alareer, morto num ataque aéreo, levado a efeito pelas forças militares de Israel à Faixa de Gaza:
Se tenho de morrer,
tens de viver
para contar a minha história.
Se tenho de morrer,
que traga a esperança
que seja um conto.
Sebastião Lima, Diretor
