Diretor: Sebastião Lima
Diretora Adjunta: Carla Félix
Últimas Notícias

Os vinhedos do Porto Martins têm um potencial económico, cultural, e turístico, mas nunca foram explorados de forma séria, ao invés de que se passem actualmente como as vinhas da ilha do Pico, cuja paisagem da cultura da vinha é uma tradição como Património da Vinha. A humanidade pela UNESCO, por causa das suas características únicas no mundo, e também as vinhas da nossa freguesia dos Biscoitos, neste concelho do Ramo Grande, tiveram melhorias consideráveis, pois o chão de lava negra onde as vinhas são cultivadas nestas paragens insulares, representam um “exemplo de engenho humano, face às adversidades da natureza”.

A moda dos blocos, dos cimentos, das britas, da areia e do ferro, transformados de forma brutal e grutesca a lúdica paisagem vitivinícola do Porto Martins das uvas , da baga de faia cheirosa , da minha maçã redondinha, e das pedras negras preciosas , como foi poetizado por Vitorino Nemésio, inspirado pelo seu amor ao então lugar do Porto Martins.

Cerca de 75% das vinhas do Porto Martins foram abandonadas e ou despareceram, quer pela construção desenfreada de casas de habitação, quer pelo abandono e com a consequente regulamentação de matos, onde habitam os melros pretos, as rolas, os pombos e os ratos, que contribui radicalmente para que as vinhas ainda existentes se tornem pouco produtivas, gorando as expectativas dos proprietários, que com muito sacrifícios e amor à terra, ainda curta as poucas vinhas empedradas, com as suas formosas curraletas e ou currais, que urge preservar tal paisagem da cultura da vinha que sempre caracterizou o belo Porto Martins, paisagem que deve ser extremamente protegida, sem a introdução de estruturas ou imóveis modernos, o que cabe a todos nós, e às instituições municipais e à junta de freguesia defensora.

Na verdade, pouco se tem feito na protecção desta invulgar e ímpar paisagem, que desde o final do século XV os povos do Porto Martins, construíram e preservaram com muito trabalho e afinco, até aos finais da década de 60 do século passado.

Este ano as vindimas apesar de ter tipo excelentes expectativas, ficaram muito abaixo do esperado, as colheitas das uvas foram antecipadas por causa das mudanças climáticas e do ataque descomunal das estratégicas – melro preto, rolas, pombos, ratos e lagartixas – mas as uvas foram boas, sãs e doces, o que certamente contribuirá para a produção de um bom vinho de cheiro e de jaqués. O vinho de jaqués do Porto Martins tem uma boa qualidade que é única e exclusiva, o que lhe granjeou uma fama inalcançável.

Os vinhateiros estão desanimados, pois trabalham arduamente ao longo do ano e “veem as suas vinhas a serem vindimadas por pássaros”, por isso para que não hajam mais vinhas abandonadas devem as instituições governativas tomar medidas urgentes e permitir ao combate de tais tremendas e empenharem -se não há rejuvenescimento da cultura dos vinhedos do Porto Martins, copiando o que muito bem feito se faz na vizinha ilha do Pico e na nossa freguesia dos Biscoitos.

Sebastião Lima, Diretor

Pin It

Acerca do Jornal da Praia

Este jornal é um quinzenário de informação geral que tem por objetivo a divulgação de factos, opiniões, debates, ideias, pessoas, tendências, sensibilidades, em todos os domínios que possam ser importantes para a construção de uma sociedade mais justa, livre, culta, inconformada e criativa na Região Autónoma dos Açores.

Este jornal empenha-se fortemente na unidade efetiva entre todas as ilhas dos Açores, independentemente da sua dimensão e número de residentes, podendo mesmo dar atenção primordial às ilhas de menores recursos, desde que tal postura não prejudique a implantação global do quinzenário no arquipélago dos Açores.

Área do assinante