Diretor: Sebastião Lima
Diretora Adjunta: Carla Félix
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Caros leitores, dada a situação “covidiana”, que o governo da república ora diz que terminou ora diz que agravou, e devido às implicações de quarentena, por teste positivo à covid-19, contacto de baixo risco, contacto de alto risco, 14 dias em casa, 10 dias em casa, teste assim que possível, teste ao 6º dia (Não ouviste à primeira?! Sai-te covid estupô!) que, infelizmente, também afectaram o “vastíssimo” staff do nosso “Jornal da Praia” teremos um editorial breve para não ultrapassar os 15 minutos de exposição. É que de inverno a coisa vai, agora ficar de quarentena de verão é uma estopada dos diabos!… Mas como afirmámos, vamos avançando e directamente ao assunto: O que significa “Mutatis Mutandis”? Parece simples (e até o é) mas não é tão fácil de explicar. Tentaremos.

Viram o filme “O rei Leão”? Não tem nada a ver! “Mutatis Mutandis” é uma expressão latina que significa “mudando o que tem de ser mudado”, isto é, com as necessárias mudanças aplicamos a mesma lógica, argumento, símbolo, desenho, critérios a situações distintas. Nós avisámos… É confusamente simples. Vamos a exemplos.

Uma colectividade, como sejam as sociedades filarmónicas ou os clubes desportivos, tem, por norma, um símbolo, isto é, uma figura que representa essa instituição. No seu tamanho original essa figura está bem definida (se não está, devia) com a sua dimensão, linhas, cores etc. Ora é completamente diferente ter esse símbolo numa camisa, num chapéu ou numa bandeira. Aplicar o original a essas situações é utilizar o símbolo mutatis mutandis, ou seja, mantendo o conteúdo e a sua proporção, aumentá-lo ou diminui-lo o necessário para caber na camisa, chapéu ou bandeira.

Também podemos utilizar exemplos pela negativa. Todos temos a percepção de quão justa (e célere) é a justiça na República Portuguesa... O demonizado “hacker” Rui Pinto que teve a impertinência de tocar numa grande organização desportiva e no aparelho do estado, expondo profundas potenciais ilegalidades, incluindo fortes indícios de corrupção envolvendo altas figuras publicas, foi perseguido incessantemente até ser detido no outro lado da europa. O Rui está em prisão domiciliária ao que consta a colaborar com a justiça. Já os Ricardos, Josés, os Joe´s, filhos & amigos não tem bens mas pagam cauções de milhões, por vezes recorrendo a bens que se afigura terem adquirido com empréstimos em investigação. Como se costuma dizer popularmente, 2 pesos e 2 medidas, ou seja, não é claramente mutatis mutandis.

Também podemos analisar a expressão politicamente, de mais maneiras do que as conseguimos, mas focaremos uma ou duas. Neste enquadramento, boys ou girls, são indivíduos jovens que proliferam nas juventudes partidárias, e que (supostamente) em retorno do seu esforço conseguem uns rendimentos, que quase sempre são pagos pelo povo contribuinte. Iniciam uma carreira política (isto existe mesmo!) tornando-se políticos profissionais. Poder-se-ia dizer que são mutatis mutandis: O que aprenderam em novos aplicam, com as devidas adaptações, na maturidade.

Ainda politicamente podemos falar nos partidos políticos em geral. Se o objectivo é controlar o poder, e com ele os orçamentos, as nomeações, os contratos, etc. então os partidos, independentemente da ideologia, são semelhantes mutatis mutandis. A nível local, outro exemplo da expressão são, por exemplo, as recandidaturas autárquicas, que, com mais ou menos as mesmas equipas, se propõem manter um determinado projecto, portanto mesmas ideias com as devidas adaptações (mutatis mutandis). Já agora, este ano na Praia da Vitória parece não haver mutatis mutandis, com candidatos “frescos” e novas ideias. A não ser que apresentem ideias antigas, candidatos antigos e aí, talvez volte a existir mutatis mutandis. Bom, esqueçam este último exemplo (por agora…).

Um último exemplo antes de terminar. Um pai e um filho são de certo modo mutatis mutandis, um pouco como um mestre e um aprendiz, mas com traços genéticos. Se um pai educa um filho à sua imagem é natural que ocorram semelhanças, nomeadamente nos maneirismos e no feitio. Também é verdade que por vezes isso não acontece. Um pai saber escrever eloquentemente não implica nada que os filhos lhe sigam as pegadas, não tem nada a ver com a verdade factual de “Avô careca? Pai careca? Você vai ser careca…”. Mas, podemos perfeitamente ter um pai talentoso, escritor e orador acima da média, de escrita teatral, apaixonada e visualizadora, e um filho que também escreva (humildemente) bem, mas mais directo, mais sarcástico e contundente, mas com a mesma paixão Praiense e Açoreana. Um outro tipo de mutatis mutandis. Sugerir plágios pode ser confundido com “dor de cotovelo”.

Despedimo-nos à moda do mestre, entre os suaves rabiscos da caneta Praiense, que nos leva numa escrita rigorosa, mas forte, sentimental, visual e irreverente, do latim aos Açorianismos. Concluímos, mutatis mutandis na versão do filho, com a mesma paixão Açoreana, por meio de umas alfinetadas, agradecendo aos mestres, mas seguindo o nosso próprio caminho. Aquele Abraço Praiense!

Luis Moniz, Diretor-Adjunto

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