Numa sociedade estável e que opte pelo bem-estar social e económico da população, parece-nos nestes novos tempos uma utopia.
Assistimos, nestas últimas décadas a um desenrolar de crises que afogam as sociedades, levando-as a um desânimo conturbado, ao aumento da pobreza, e do fosso entre pobres e ricos, enfim, à generalização dos boatos, às conquistas nefastas das “Fake News” e “vivemos dispostos em acreditar numa determinada realidade e é-nos difícil aceitar a determinado ponto que aquilo em que acreditamos era, afinal, o produto de uma mentira”.
À crise económica e financeira que principiou a gerar-se a partir de 2008, alastrando-se pelo mundo de forma desenfreada, traduzida na perda de poder de compra, no aumento do desemprego, muitas famílias ficaram mais pobres em termos “do cabaz de compras que conseguem sustentar”, crise essa colada à crise climática, onde não tem sido fácil encontrar consensos a nível mundial para transformar o clima num “recurso natural intangível que atravesse e ultrapasse os territórios nacionais dos estados” que implique uma mudança no modelo económico e não apenas energético” – por exemplo, na redução progressiva do uso de carvão até à sua total eliminação, apostar intensamente nas energias renováveis, considerar as alterações climáticas como “preocupação comum da humanidade”.
A COVID-19, pandemia que infectou e matou inúmeras pessoas, lançou o caos a nível mundial, quase que parou a economia, e apesar da hercúlea tarefa levada a cabo pelos cientistas para a sua irradicação, continua a ser muito difícil pôr termo a uma doença contagiosa que coloca as nações em sobressalto, resta-nos a esperança de que os especialistas destas matérias ao defenderem que “as pandemias não morrem - tornam-se fracas e perdem importância”, oxalá que suceda o mesmo com a COVID-19, para bem de todos.
A actual crise política e militar, ou seja, o facto de Putin ameaçar invadir a Ucrânia, por questões geoestratégicas, económicas e de segurança, aumentou o risco de se assistir a uma tragédia global, a uma guerra com consequências desastrosas e imprevisíveis a longo prazo para toda a comunidade mundial.
Putin, na senda dos grandes objectivos de sempre da Rússia, na estrutura de Lenine, Estaline e de demais sucessores, sempre “quiseram criar uma revolução internacional, subjugar o mundo inteiro à ditadura do proletariado”, objectivos que falharam em toda a linha, mas que provocaram muitos danos enquanto tentavam, e mais que se afirme que Putin também falhará, é certo, que os danos provocados por esse ditador, enquanto tenta aumentar o seu poder e o das oligarquias que o apoiam, deverá provocar muitos danos e alguns irreversíveis, não só na Ucrânia, mas também na União Europeia e em outras nações democráticas do ocidente, que a actual governação Russa pretende que a “democracia falhe”.
Está, também na ordem do dia, a fatal crise da desinformação gerada por ambos os lados do conflito ucraniano/soviético, em que se pretende semear medo, caos, pânico nas populações, para se tirarem dividendos, sobretudo económicos, se possível mesmo a ferro e fogo, e resta ao ocidente, lutar para que o diálogo seja o caminho crucial para se encontrar a paz, como muito bem tem defendido o Papa Francisco.
Não se pode esquecer que a “Rússia nunca foi uma democracia em toda a sua história milenar e nunca foi isso que impediu o ocidente de se entender com ela” em muitos momentos da história, por exemplo o de Ialta, a crise dos mísseis de Cuba, os acordos sobre o armamento nuclear, etc.
Finalmente, destacamos a ultramoderna crise da onda dos ataques informáticos, que no nosso país já fez mossa, nomeadamente à Vodafone, ao site da Assembleia da República, ao Grupo Empresa, aos laboratórios de análises Germano de Sousa, que nos leva a acreditar que o ciberespaço há muito tempo deixou de ser “ficção científica e tornou-se numa realidade, ainda que incorpórea, a que a todos dizem respeito”.
A quarta Revolução Industrial está em marcha, o uso dos computadores “com os seus benefícios ligados à Inteligência Artificial”, não têm só um lado positivo, mas também um aspecto negativo, que deve ser combatido e ultrapassado, e assim sendo, as autoridades competentes terão de facto um enorme desafio pela sua frente.
Sebastião Lima, Diretor
