EDITORIAL
Carnaval Adiado
A atitude das nossas autoridades públicas em suspender o Carnaval/2021, decretando o confinamento, que certamente tudo indica que se prolongará pelo menos até à Páscoa, e isto tudo devido à Covid-19, que gerou uma pandemia sem precedentes, e que não tem sido tarefa fácil combate-la, era já uma medida esperada.
Nos Açores, nomeadamente na Ilha Terceira, o Carnaval é um momento ímpar, invulgar que envolve tudo e todos, faz parte da cultura Terceirense, está na essência do povo, tradição que dizem ir beber influências ao Teatro Vicentino, às cantigas de escárnio e maldizer, que os Terceirenses souberam resguardar fidedignamente ao longo de vários séculos na Ilha de Jesus.
Em quatro dias, no entrudo Terceirense, o povo enche os palcos das nossas cidades, vilas e aldeias para assistir às danças, bailinhos, comédias, etc., feitas pelo povo e para o povo, cujos os conteúdos abundam críticas perspicazes, nomeadamente à política, à sociedade e à religião.
Este ano o povo ficou em casa, olhando para a TV, para os computadores, para as redes sociais, onde tiveram de “afogar algumas saudades de outros carnavais passados”.
Infelizmente não foi tarefa fácil, mas foi necessário haver este enorme sacrifício para o bem de todos e para a saúde publica, num momento difícil, em que a pandemia tem de ser combatida radicalmente, e não podemos virar as costas a esta batalha, por isso é sensato que se imponham medidas de protecção, como permanecer em casa, usar mascara, usar gel desinfectante, manter distâncias, a fim de se expurgar a “peste do século XXI”.
O povo sabiamente afirma que “gato escaldado, tem medo de água fria”, isto vem a propósito do facilitismo fomentado pelas autoridades publicas aquando das festividades do Natal e da Passagem de Ano, que não impuseram confinamentos, como era de esperar, e a situação pandémica exigia, gerou um alastramento catastrófico da Covid-19, em que Portugal passou de exemplo no combate ao Covid-19, para no final de Janeiro, ser considerado o país do mundo com maior número de novos casos e novas mortes por milhão de habitantes na média dos últimos sete dias, de acordo com os sites que recolhem informação estatística sobre a pandemia da covid-19, por culpa exclusiva das nossas autoridades publicas, que na altura estavam mais interessadas na propaganda política, do que em resultados, mas com o tempo irá apurar-se os responsáveis por inúmeras mortes, que infelizmente podiam ter sido evitadas, mas a falta de visão estratégica das nossas autoridades, sempre a correr atrás do prejuízo, não tendo um objectivo muito mais ambicioso, que deveria ter sido implementado, muito mais cedo, o confinamento da população, evitando-se o desastre ocorrido entre Janeiro/2021 e o principio de Fevereiro/2021.
Os Governos Central e Regionais acabaram por tomar medidas correctas no combate à pandemia, mas tardiamente, e o povo assistiu incrédulo a todo este contexto de crise pandémica que o flagela.
Indescritivelmente no dia 29 de Janeiro de 2021, quando no país e nas Regiões Autónomas, se lutava pela vida, a Assembleia da Republica aprovou a Lei da Eutanásia, legislação sobre a morte assistida – por isso procedeu muito bem o Senhor Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, em enviar tal horribilis legislação para o Tribunal Constitucional, a fim de se pronunciar sobre eventuais inconstitucionalidades que o diploma enverede, porque o direito à vida é um direito fundamental e irreversível, e com inoportunas medidas parlamentares deste género, geram “situações… que contribuem para a falta de credibilidade das políticas e dos partidos e que prejudicam a democracia”.
Sebastião Lima, Diretor
