ZONA FRANCA
Sem pêlo, mas com agravo
As pesquisas no Google por “Alexandre Pais” dispararam esta semana, na sequência de um artigo de opinião intitulado “A imagem é tudo” que o reputado jornal “Correio da Manhã” deu à estampa no passado dia 1.
Na sua coluna de opinião “Antena Paranoica”, que perdeu o acento fruto do Acordo Ortográfico, ataca Cristina Ferreira e Maria Botelho Moniz e elogia, em contraponto, Catarina Furtado e Sónia Araújo. Alexandre Pais é um jornalista que nasceu há 77 anos, tendo sido director do jornal desportivo “Record”, de que é colunista, e colaborador de vários tablóides e revistas. Entre 2010 e 2022, editou o blogue “Quinta do Careca”.
No que respeita às apresentadoras referidas por Alexandre Pais, humildemente confesso que não me recordo de alguma vez ter visto um programa delas. O único dos quatro nomes referidos que me é familiar é o da Cristina Ferreira, embora não associe minimamente o nome a um rosto, talvez por eu sofrer de prosopagnosia, que é uma doença caracterizada pela incapacidade de reconhecimento total ou parcial das feições do próprio ou de pessoas conhecidas.
No passado, Pais fez várias referências elogiosas aos apresentadores Fernando Mendes e José Carlos Malato, ambos da RTP, sobejamente reconhecidos como não sendo exemplos de “disciplina e capacidade de sacrifício, muito sacrifício” no combate ao “problema, de resolução difícil” da “tendência para aumentar de peso”.
Aparentemente, Pais tem um ódio de estimação por Cristina Ferreira, alvo frequente das suas críticas, e abomina as “mulheres robustas”, em particular se trabalharem na TVI. Lá diz o povo que “gostos não se discutem” e não gostar de mulheres “robustas” afigura-se-me tão legítimo quanto detestar homens carecas e elegantes.
Provavelmente, Alexandre Pais comungará da ideia de Henry B. King: “Falem bem ou falem mal, mas falem de mim”. Em 2019, por motivos de natureza pessoal, Pais recusou receber o Prémio Nacional Bento Pessoa, como “referência do jornalismo e fundador de jornais desportivos”. Na sua longa carreira ligada ao jornalismo, nota-se uma clara tendência de associação a publicações como “TV Guia”, “Correio da Manhã”, “Dona” e “Tal & Qual”, todas com uma matriz de mexerico e intriga.
Sem ser uma questão de gostos, não podemos, pelo menos não devemos, ficar indiferentes a quem propaga comentários que oscilam entre a misoginia, a inveja e a defesa do apuramento da raça. Alexandre refere “Catarina Furtado e Sónia Araújo, que na RTP são exemplos de cuidado e inteligência”, em contraponto com Cristina Ferreira, que, “de mangas à cava, exibe -e ergue em vez de proteger- os braços tomados pela flacidez do tempo e da falta de ginásio”.
Não sendo elogioso para quem nasceu na Graciosa, apelidada como a “terra dos burros”, é do conhecimento geral que “vozes de burro não chegam ao Céu”. Por graça, eu como graciosense careca, costumo dizer que nunca vi um burro careca, mas, como em tudo na vida, há sempre uma primeira vez para tudo e não há regra sem excepção!
Luís Vasco Cunha
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*ZONA FRANCA discorda ortograficamente