No início deste ano, fomos confrontados com uma triste notícia, o diário da Horta, “O Incentivo”, suspendeu a sua edição em papel, mas continuará em edição online.
O Jornal “O Incentivo”, o último diário da ilha do Faial, que durante 20 anos, defendeu e divulgou a liberdade de expressão e de informação, foi um instrumento em função da verdade e da dignidade humana, ao serviço das pessoas e das comunidades onde se inseria.
O desmoronamento da imprensa escrita dos Açores, não é actual, arrasta-se há várias décadas, nomeadamente com o desaparecimento do Jornal “A União”, de Angra do Heroísmo, e “Correio da Horta”, entre outros, motivado pelas crises económicas, as redes sociais, a internet, e acima de tudo, pela falta de iniciativa dos poderes públicos em apoiar, em divulgar e defender, a tutelar e verdadeira e justa liberdade de que as modernas sociedades, nomeadamente a nível local e regional, necessitam inteiramente para seu proveito cultural, económico e social, sendo certo, que cabe indubitavelmente aos poderes públicos fomentar e ajudar, os jornais locais e regionais, para que possam desempenhar as suas funções primordiais, a tratar de questões económicas, políticas, culturais e artísticas, deveras peculiares em matéria da razão e do bem comum, e como muito bem nos ensinou o nosso imortal poeta e escritor, Miguel Torga, quando falava da importância sobre o “Jornal do Fundão”, para o incentivo cultural de um território exigido pelo próprio bem comum.
Sabe-se explicitamente que a crise da imprensa escrita nos Açores, não tem solução fácil, mas não podemos permitir que se restrinja o número de revistas e jornais escrito em papel radicalmente, sob pena de mergulharmos num oceano de notícias falsas, sem direito a contraditório, e caminharmos para uma ignorância sem precedentes, pois muitas das redes sociais divulgam o que só se pretende ouvir, sem qualquer hipótese de análise crítica, “o homem moderno precisa da informação completa, honesta e precisa”, para que se assegure os grandes valores sociais, familiares e culturais das nossas gentes.
Os Açores estão muito mais pobres culturalmente, com a crise da imprensa escrita, que “é um fenómeno complexo que não tem uma solução fácil. No entanto, é importante que os cidadãos e as autoridades públicas se preocupem com este problema. A imprensa escrita desempenha um papel primordial na democracia, e a sua sobrevivência é essencial para a defesa da liberdade de informação e de expressão”, isto de acordo com o que muito bem defende o nosso ilustre colaborador José Soares.
Nesta campanha eleitoral, para as eleições legislativas regionais, de 4 de Fevereiro, estão os partidos políticos obrigados a procurar e defender justas e viáveis soluções, para que a imprensa escrita açoriana, não desapareça de todo, e só com medidas de apoio económico por parte dos poderes públicos, e também de grande implementação e divulgação, a nível escolar para leitura dos órgãos de imprensa regional escrita, se penetrará sobretudo nas novas gerações, assegurando-se um futuro cultural promissor, para bem do nosso povo e da nossa região.
Sebastião Lima, Diretor
