Até há poucos dias acreditava que a nossa marina da Praia da Vitória era realmente um porto de abrigo para todas as embarcações que chegavam pelo mar procurando bens essenciais, cuidados pessoais, reparações nas embarcações sem o problema da sua lotação.
Aparentemente no início de junho apresentava-se com espaços vagos, mas ao que parece reservados às embarcações que fazem da doca seca moradia no período de outono/inverno. Logo por aí, começa a desilusão. A tarefa de quem trabalha nesta marina é colocar os iates estacionados para o mar, para que se monte a tenda para as festas que estão a chegar.
Andando pelos Açores conhecemos um madeirense amante das nossas ilhas, ao qual incentivamos a fazer uma paragem na nossa cidade a fim de degustar uma boa alcatra à moda da Terceira.
Saindo de Santa Maria rumo a São Miguel, passando pelo Faial, São Jorge chega à Terceira e fica atracado em Angra do Heroísmo por ser fim de semana e os números de telefone dos serviços da Marina da Praia da Vitória não estarem disponíveis, não estando assegurado o check in. Como a vontade de atracar na cidade de Nemésio era grande, rumou até está e como tinha um problema a nível da ancoragem, conseguiu já na segunda feira e a especial favor, atracar em segurança por um a dois dias, tendo acesso a todos os serviços que necessitava.
Qual a questão que levanto?
Queremos ser apenas uma marina de barcos adormecidos ou queremos verdadeiramente acolher quem precisa de abrigo?
Queremos ser uma marina que gera movimento financeiro à cidade ou queremos uma marina apenas para moradores de barcos. Nada contra estes moradores com os quais estabelecemos ligações de amizade ao longo dos anos, cujos os barcos fazem parte de todas as fotografias das manhãs e tardes de verão.
Olho agora a marina com menos magia. Como um espaço de lugares reservados e sem visão de futuro.
É esta a imagem que queremos que os "nossos convidados" levem de nós.
Peço desculpa pelo engano caro marinheiro, esta é de facto a minha marina desconhecida, com difíceis acessos em maré baixo para barcos fundos. Saberá a população porque o futuro teima em não fazer morada aqui...
Encanto-me com a baía pintada de cores nas noites de Verão. Deixem-nos ser porto de abrigo e sobretudo porto de regresso de quem leva a nossa Praia no coração.
Carla Félix, Diretora Adjunta
