No dia 29 de Maio de 2023, festejou-se o dia dos Açores, dos açorianos e das comunidades açorianas espalhadas pelos quatros cantos do Mundo, e este ano foi no concelho das Lajes do Pico, que decorreram as cerimónias oficiais de exaltação à açorianidade e à relevância do Espírito Santo na verdadeira maneira de ser das gentes dos Açores, cujo o culto ao Divino Espírito Santo
, não só se mantém na sua forma genuína nestas aprazíveis 9 ilhas, como foi levado e mantido pelos nossos emigrantes espalhados pelo Brasil, Estados Unidos da América do Norte, Canadá, Bermuda e Hawai, e depois de um grande interregno provocado pela COVID, as grandes festas ao Divino Espírito Santo, voltaram em força a concretizar-se nos Açores e nas comunidades açorianas espalhadas por diversas partes do Mundo, eventos esses que reforçam a açorianidade espelhada na nossa identidade, mobilizando milhares de açorianos, e que segundo o Professor Agostinho da Silva, “O ponto fundamental do culto popular do Espírito Santo não é, porém, nem o banquete comum e livre, nem o soltar de presos, nem a procissão que segue a Pomba, no estandarte ou coroa, é a instalação de uma criança como Imperador do Mundo… o povo, ao menos, sabe que não sabe; os intelectuais desprezam o que não sabem; o povo presaria sabê-lo; no pombal dos intelectuais moram pombas cativas… no pombal do povo nem uma pomba objectiva e real; há apenas a pomba do culto e do desejo; a pomba da Fé.”
O dia dos Açores, dos açorianos e da autonomia, que se quer democrática, livre e sem limitações centralistas e retrógradas dos donos do Terreiro do Paço, para que a felicidade social, política e económica sustentável dos Açores possa subsistir, urge que a reforma do estatuto político-administrativo dos Açores se concretize rapidamente, e se elimine de uma vez por todas o cargo de Representante da República, um verdadeiro entrave à autonomia e um sorvedouro de dinheiros públicos sem qualquer razão de ser.
Não posso terminar, sem lembrar as doutas palavras do Dr. Álvaro Monjardino, ilustre açoriano e grande paladino da autonomia, aquando de um programa televisivo “Prós e Contras”, conduzido pela Jornalista Fátima Campos Ferreira, cujo o tema do debate se debruçou sobre “9 Ilhas Num Oceano”, o Dr. Álvaro Monjardino ao responder à afirmação da apresentadora do referido evento, de que as ilhas do Açores não estão preparadas para voar sozinhas, respondeu dizendo “que desde o século XV, as nossas ilhas sempre voaram sozinhas e que os açorianos foram abandonados à sua sorte pelos colonialistas que só se lembravam que existia gente nestas terras para nos virem roubar o produto do nosso trabalho e ainda hoje é assim.”
A autonomia que queremos e defendemos deve voar livremente sem quaisquer peias ou amarrações colonialistas, porque só assim se pode caminhar para a concretização de uma autonomia perfeita, e não de “um rebuçado oferecido pelo Terreiro do Paço.”
Sebastião Lima, Diretor
