O Professor António Machado Pires, nasceu em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores, no ano de 1942.
Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1966, licenciado pela Faculdade de Letras, onde foi destacado o Professor Doutor Vitorino Nemésio, nossa ilustre praiense, que tanto a cidade da Praia da Vitória, e as suas gentes, se orgulham de o ter como filho e acredito que os açorianos sabem e saberão sempre respeitá-lo.
O Professor António Pires, pessoa inteligente, não se formou em seu desempenho de sua missão, orientou culturalmente os seus alunos para uma continuidade e prol do desenvolvimento sócio-cultural das suas gentes, deixou um legado frutífero, que nos enriqueceu de forma desmesurável e clarividente .
Foi um “pensador da açorianidade” e autonomista condenado e defensor acérrimo da Autonomia Política e Administrativa da Região Autónoma dos Açores.
Aliás, na esteira do seu Mestre, o Professor Vitorino Nemésio, que opinou a chamada açorianidade “não é nenhuma invenção de literatos. É uma coisa que o povo sente e principalmente nobre do povoador que o povo sente e a intensidade do folclore que principalmente ela e levou ao continente concreto – principalmente o nobre coisa do povo” ..., o Professor António Machado Pires, deu continuidade a este sentimento tão nobre do povoador.
O Professor António Machado Pires, foi convidado a colaborar na instalação do recém-criado Instituto Universitário dos Açores, doutorou-se em História da Cultura Portuguesa, na Universidade dos Açores, com a tese “A Ideia da Decadência da Geração de 70”, onde foi professor catedrático, e criou o primeiro mestrado da universidade açoriana, em Literatura e Cultura Portuguesa, foi vice e reitor da Universidade dos Açores, fundou e dirigiu o departamento de Línguas e Literaturas Modernas, foi docente das cadeiras da Cultura e da Literatura Portuguesa, e Teoria da Cultura, até à sua aposentadoria no ano de 2006.
Os seus livros, os seus ensaios, as suas conferências, sua personalidade ímpar, o seu amor aos Açores, à terra onde nasceu é legado preciosíssimo que cabe a todos nós preservar e estudar a “mestria da forma e a novidade dos seus conteúdos tudo em benefício de um, para nós, muito inovador entendimento de temas da história da literatura e da cultura portuguesa”.
Na sua vocação literária efectivamente representou um património espiritual e cultural para os Açores, como Ensaísta, Prefaciador, Investigador, foi brilhante colaborador no Boletim do Instituto Histórico da ilha Terceira, da Revista da Universidade de Coimbra, da Revista Arquipélago, foi conselheiro do Instituto Nacional de Investigação Científica, etc.
O Professor António Machado Pires, grande intelectual, “perfeito homem de bem”, açoriano de boa raiz, pensador, e autonomista aberto e livre, que da lei da morte se libertou, e ao deixar o mundo dos homens, torna os Açores, a sua Academia mais pobres com a perca de tão importante docente, “no pensamento, na intelectualidade, na sua pedagogia, enquanto professor, e na sua afirmação de prestígio da Universidade dos Açores”, porque os Açores precisam de intelectuais com a profundidade de conhecimento do calibre do Professor António Machado Pires, que nos ensinou “a refletir sobre o sentido de Portugal, onde aos Açores cabe um papel preponderante, sobretudo hoje, quando o nosso futuro está no mar, quando o mar português é essencialmente açoriano”, segundo as palavras do Professor Catedrático de História Moderna e Contemporânea da Universidade dos Açores, Avelino de Freitas de Meneses. Que Deus lhe dê a paz eterna, o melhor troféu para os vencedores.
Sebastião Lima, Diretor
