No passado dia 26 de Setembro de 2021 decorreram as eleições autárquicas. Nos 15 dias anteriores (e até antes) percorreram as freguesias dos concelhos Açorianos e, em específico, os Terceirenses, os candidatos às assembleias de freguesia, às câmaras e assembleias municipais. Sem saber se foi resultado da interferência das areias e sulfatos, o que é certo é que em Angra do Heroísmo continuou o Partido Socialista (PS), liderado pelo Dr. Álamo Meneses, e na Praia da Vitória houve mudança pelas mãos da coligação liderada pela Social Democrata Vânia Ferreira.
Parabéns aos vencedores e boa sorte para os mandatos. Provavelmente, muitas dificuldades e tristezas virão, mas com elas e, com a resolução das mesmas, também muita alegria vos acompanhará. Adicionamos breve nota introdutória: Todos os números apresentados foram consultados no jornal online “Observador” a 8 de Outubro de 2021, e iremos apenas referirmo-nos aos partidos mais votados.
Assim, e antes do nosso concelho, relativamente ao vizinho concelho de Angra do Heroísmo, não podemos deixar de realçar a vitória folgada do PS, ainda que com dois grandes contratempos, a perda de juntas de freguesia importantes, como a Ribeirinha e São Mateus da Calheta.
Já na nossa Praia da Vitória a história foi outra. A coligação, mesmo sem “históricos”, vence com uma margem pequena, mas vence. Obtém 4668 votos contra 4304 do PS e 1.000 votos da candidatura independente. Para a assembleia municipal a coligação obtém 4698 votos contra 4230 do PS e 870 do movimento independente. O total das juntas de freguesia (onde não concorreram os independentes) é de 5019 votos para a coligação, 4685 para o PS e 503 para o PSD (este último, concorreu não coligado, na freguesia da Agualva). O PS mantém as Quatro Ribeiras, Vila Nova, São Brás, Santa Cruz e Cabo da Praia, enquanto a coligação confirma a tendência de mudança desde 2017, mantendo Biscoitos, Agualva, Fontinhas, Vila das Lajes, e ganhando Fonte do Bastardo e Porto Martins.
Fruto dos seus desarranjos internos, o PS partiu de uma posição debilitada, mas mesmo assim conseguiu corrigir e apresentar candidaturas fortes, como mostram os resultados. Por outro lado, há quem diga que não fosse a candidatura independente, o PS teria vencido. Ninguém sabe, esse futuro já não existe (pelo menos por agora). Mas os resultados mostram que a coligação obtém ainda mais votos do que o PS na Assembleia Municipal e sobretudo nos resultados para as assembleias de freguesia, onde o movimento independente não apresentou candidaturas, atingindo mais de 800 votos de diferença. Portanto a teoria de que os votos independentes iriam para o PS é dúbia, e mesmo que fossem a maioria deles, poderia (muito provavelmente) não alterar o vencedor.
Como todos sabemos as derrotas são boas aprendizagens, e, normalmente, óptimas alturas para renovar. Continuar a insistir num caminho, que o povo condenou, é mau, e, portanto, arrumar a casa e mudar pode, pelo contrário, ser bom. Cessar um caminho de “lobbyistas”, em prol dos interesses da Praia da Vitória, e não dos interesses e cargos pessoais, parece ser um bom caminho de sucesso a trilhar. Estar em partidos para ter cargo politico, administrador, obter subsídios ou licenças é pura e simplesmente moralmente inaceitável e arcaico!
Também se ouve que o resultado do movimento foi muito mau. Isso dependerá apenas das expetactivas dos mesmos, se atingiram ou não as suas pretensões eleitorais. Eleitoralmente falando recebem 1000 votos e não elegem um vereador por cerca de 100 votos, e se o tivessem conseguido, mudariam a configuração de vereadores para 3 PSD/CDS, 3 PS e 1 independente, que acabaria por ter um peso decisivo nas decisões camarárias. Para dar outra noção, o CDS-PP, não coligado, nas últimas autárquicas obteve apenas cerca de 750 votos, não elegendo vereador (que acaba por ter com a coligação). Existe ainda o mérito de terem conseguido em pouco tempo criar este movimento com pessoas de vários quadrantes políticos, e não fosse o espectro de serem liderados por ex-vereadores “desavindos”, quem sabe, o resultado poderia ter sido outro. Uma porta para o futuro?...
Sejam poeiras do deserto, sejam sulfatos de vulcanismo, ou uma mistura de ambos, o que nós desejamos é que não faça mal ao povo destas ilhas. Assim também o desejamos com os resultados das eleições. Que além de não serem prejudiciais sejam benéficos para este povo, em especial, para os Praienses, que bem o merecem! Jornal da Praia termina, relembrando, aos vencidos e vencedores, que a luta democrática continua, e desejando, novamente, aos vencedores, sinceros parabéns e votos de um bom mandato, em especial à primeira equipa de vereação maioritariamente feminina na nossa Praia da Vitória! Aquele Abraço Praiense!
Luis Moniz, Diretor-Adjunto
